Do Minuto – Candidato tem alguma proposta que você deixou para esses últimos dias de campanha?
Wilson Leite – Olha, nós procuramos priorizar alguns temas, como transporte público, a questão da educação, infraestrutura. Sabemos que o programa de um candidato, a proposta de governo, ela não pode ser considerada fechada, completa. Então quer dizer, os temas que não foram citados, que a gente não pôde falar, a gente tem consciência desses, da relação, porque os assuntos são diversos. Nós deixamos de falar, e não tem como mais, na última semana. Nossa estrutura para fazer o programa eleitoral foi muito reduzida devido a questões econômicas. Nós temos questões ambientais, deixamos de tratar, esmiuçar mais essa questão ambiental. Faltou falar sobre a questão da juventude, apesar de ter falado em alguns debates sobre esporte e lazer, áreas de convivências, mas ficou faltando a questão da juventude em si, das alternativas para juventude, questão da práticas de esporte e tudo mais.
Do Minuto – Você poderia abordar algum desses temas? Por exemplo, agora que você comentou sobre o meio ambiente, e teve uma internauta, a Larissa Santos, que quer saber quais as suas propostas para o Meio Ambiente.
Wilson Leite – Nós temos um grande problema em relação ao direcionamento do esgoto sanitário que é jogado direto no rio Tocantins. As legislações ambientais, estadual e federal, a gente observa que Imperatriz não vem cumprindo. Várias moradias jogam seus esgotos sanitários direto nos riachos, por falta de planejamento urbano de construção de moradias. Nós sabemos que os grandes empreendimentos, os prédios que são construídos às margens do rio Tocantins jogam todos os seus esgotos produzidos direto no rio. Nós temos fábricas que estão vindo para Imperatriz, que apesar do discurso de que será tratado os resíduos da produção, mas a gente vê que se a questão mínima não foi fiscalizada, imagine a fiscalização de uma grande empresa privada que tende a beneficiar o gestor municipal, para garantir os seus interesses. Então, o meio ambiente é um problema que nos precisamos ter um cuidado especial e para isso, nós temos pessoas qualificadas em Imperatriz, especialistas na questão da água e meio ambiente.
Do Minuto – Se eleito, qual problema de Imperatriz, em sua opinião, deve ser enfrentado com urgência?
Wilson Leite - Nós viemos falando isso nos nossos debates. Um problema urgente a ser enfrentado é a questão da arrecadação municipal e aí, os nossos concorrentes acham que nós estamos propondo um aumento de impostos. Pelo contrário, a gente acredita o seguinte: que sem arrecadação de tributos, a Prefeitura não tem como gerir o ente público. Nós somos um dos municípios, a exemplo dos vários municípios do Nordeste, dependentes financeiramente, dos repasses federais. Apenas 15% do total da receita anual, 15% é arrecadação própria, ou seja, muito irrisório para resolver as demandas de Imperatriz. Então nós levantamos esse debate, essa questão econômica de arrecadação tributária na cidade, coisa que nenhum outro candidato tem a coragem de debater com a população. Não é aumento de imposto, a gente só quer que quem lucra mais com o desenvolvimento de Imperatriz, pague mais, pague os seus impostos. A gente não está dizendo que vai aumentar, apenas que eles paguem, porque há uma renúncia de receitas, uma falta de pagamento exorbitante na arrecadação municipal.
Do Minuto – Uma proposta sua é a redução pela metade do número de secretarias municipais e cargos comissionados?
Wilson Leite – Exatamente. A gestão pública, ela tem que ser gerida pelos profissionais que entendem da gestão, principalmente os concursados. Ou seja: para quê que eu quero 21 secretarias, se na prática, elas só servem, esses secretários só servem para atender os interesses dos empresários e do gestor municipal? Por exemplo: desenvolvimento econômico. Eu tenho informação que um secretário de desenvolvimento econômico, nem sala ele tem. Aí pode dizer: Ah Wilson, mas isso é importante, porque ele anda, ele despacha circulando pela cidade. Isso é mentira. Não tem ação. Desenvolvimento Econômico não tem ação nenhuma, no máximo se faz projetos de lei para renúncia de receitas. Então a gente tem essa proposta para reduzir. Quando se reduz as secretarias, acaba esse cabide de empregos, nós consequentemente temos um dinheiro que pode ser usado para outras funções, pode ser usado para a saúde, para a educação.
Do Minuto – Você disse no seu blog que existe na campanha, discursos falaciosos e mirabolantes, você poderia dar exemplos de discursos como esse?
Wilson Leite - Olha, você transformar a realidade com as promessas de construir quatro hospitais, de construir quadras de esporte, “da onde?”. O dinheiro não existe fisicamente, ele é colocado como o dinheiro estivesse na conta, do estado, ou do governo federal, ou seja, você está contando com um dinheiro que, na prática, você não tem certeza de que esse dinheiro vai se concretizar nas contas Prefeitura.
Do Minuto – É uma ação imprudente, então?
Wilson Leite – É, é promessa, né? São promessas falaciosas. Infelizmente os trabalhadores acabam acreditando nessas promessas porque eles querem ver verdadeiramente isso sendo implantado. Mas efetivamente não há condição, porque mesmo que o recurso seja liberado para construir isso que eles falam, a prefeitura tem que dar uma contrapartida que geralmente é 20% do valor do recurso liberado. Ou seja, se um milhão de reais caiu na conta da prefeitura para fazer um convênio para a construção de quadras nas periferias, 200 mil reais tem que ser colocados pela prefeitura para complementar o montante de mil e duzentos reais, aí o dinheiro está liberado. Então se não há arrecadação no próprio município, esse dinheiro que ficou depositado na conta de convênio acaba voltando, porque não houve a contrapartida do município. Então quer dizer, toda promessa que conta com o dinheiro nos cofres do estado o nos cofres do governo federal, para a gente é uma conversa falaciosa, está fora da realidade.
Do Minuto – As pesquisas apontam você com um baixo índice na campanha. Isso abate você? Como você lida com esse resultado das pesquisas?
Wilson Leite – Nós costumamos dizer que nós somos marxistas. A gente sabe, a gente estuda a realidade da sociedade. Então para a gente não é surpresa nenhuma. Por quê? Porque como Marx falava, as relações sociais dependem muito da questão econômica. Nós temos uma grande massa de trabalhadores das periferias sem emprego, vivendo em condições de miséria, infelizmente em Imperatriz, sem saneamento básico, então essas pessoas são dependentes, economicamente, de favores de gestores, favores de vereadores, favores de pessoas que têm vínculo no seu bairro com esses que estão no poder. Então a relação de poder econômico, ela manda muito na questão eleitoral, ela é fundamental na questão eleitoral. Não é à toa que os políticos fazem obras eleitoreiras nos três últimos meses de mandato, não á à toa que há compra de votos nos bairros, há uma campanha massiva de distribuição de dinheiro durante o dia da eleição. Então, sabendo dessa realidade, a gente reconhece que os trabalhadores são comprados, devido à falta de independência econômica que eles têm: estão desempregados, passando fome, e quando chega alguém para amenizar essa realidade mesmo que seja momentânea, ele acaba tendo compromisso com esse candidato. É por isso que acabam declarando voto nos ricos, elegendo os ricos e infelizmente se mantêm na mesma condição de antes.
Do Minuto – Escola integral está entre suas propostas?
Wilson Leite – Seria o ideal, uma escola em tempo integral, mas nós temos sim proposta para realizar isso aí, mas de forma imediata não, porque primeiro nós temos que construir escolas públicas. A grande maioria das escolas é privada, sem estrutura de práticas de esporte, sem estrutura de lazer e tudo mais. Então o primeiro objetivo é construir escolas da rede pública em si, com essas condições. Nós não temos estrutura para isso, quem prometer isso, em quatro anos, não tem tempo de se viabilizar. Eu acho que primeiro nós temos que construir escolas, substituir tanto as escolas…
Do Minuto- Quais são suas metas para a área cultural?
Wilson Leite – Nós falamos que a cultura é trabalhada de forma patrimonialista. É como se os operários da cultura recebessem mesadas do político que domina o estado, então quando se fala em cultura, se pensa em Bumba-meu-boi e se pensa em Roseana Sarney, que é a mãe da cultura de São Luis, é tida como a mãe. É uma questão patrimonialista, nós precisamos romper com essa política patrimonialista. Os trabalhadores de cultura, os operários, eles são profissionais, sobrevivem do seu trabalho fazendo arte, então, como é que nós vamos fazer? A fundação cultural deveria ter um orçamento público e deveria ter uma vinculação de receita para atender esse orçamento e não existe. Então nós precisamos direcionar 2% do orçamento municipal para a Fundação Cultural e, através do Conselho Municipal de Cultura, sejam escolhidos os projetos para ser realizados, através de edital, ou seja, uma concorrência entre os operários da cultura ou seja, desvincula o poder político. A disputa vai ser técnica, qualificada e decidida pelo Conselho de Cultura que é quem entende de cultura. Outro detalhe importante é que nós precisamos acabar com essa elitização da cultura. A cultura precisa ir para os bairros, para as periferias, para que os jovens das periferias conheçam outras alternativas culturais. Porque eles só conhecem a cultura do arrocha, as músicas do arrocha, quer dizer, a cultura popular mais fácil de chegar ao seu conhecimento. É o tecno brega, é os batidões com os carros de som, isso é a diversão que a juventude tem. Então nós precisamos deselitizar a cultura e o que é isso? É levar todas as práticas culturais para as periferias.
DoMinuto – Candidato, você tem um minuto para dizer algo que você considere importante que não foi abordado nessa entrevista.
Wilson Leite- Chega de Imperatriz para os ricos. Imperatriz para os trabalhadores, essa é a principal defesa que a gente faz nesse processo eleitoral. A gente espera que os trabalhadores reconheçam um operário nessa disputa eleitoral burguesa, sem condições de estrutura de muito dinheiro, mas que é um autêntico representante da sua classe social.
Rodrigo Reis